4 Destinos para andar de jet no litoral norte de São Paulo. Onde a História do Brasil encontra o Mar.
- Breno Bezinelli
- 30 de abr.
- 4 min de leitura
🛶 I. Bertioga – A Fortaleza, o Canal e o Começo de Tudo.
Antes dos jets cortarem essas águas salgadas em alta velocidade, muito sangue foi derramado nelas.
O Canal de Bertioga, hoje refúgio para pescadores, navegadores de final de semana e exploradores urbanos, foi uma das rotas mais estratégicas do litoral brasileiro no período colonial. Ainda em 1531, o navegador Martim Afonso de Souza avistou esse estreito entre o continente e a Ilha de Santo Amaro, vendo ali não só um acesso ao interior do Brasil — mas uma posição de defesa vital.

Foi então que surgiu a Fortaleza de São João, a primeira construção militar do país. Ali, o mar nunca foi apenas paisagem: foi fronteira, campo de batalha, linha de chegada e ponto de partida. Durante séculos, o canal foi via de escoamento de mantimentos, ouro, escravizados e interesses imperiais.
Hoje, quem cruza o canal de jet pode até estar em busca de um pôr do sol cinematográfico, mas sob aquelas águas ainda correm memórias de combates, tratados e canoas indígenas. E como tudo no Brasil, o presente aqui sempre navega sobre os destroços do passado.
🌴 II. Ubatuba – A Ilha dos Tupinambás e o Naufrágio Esquecido.
Antes de virar sinônimo de férias e surf, Ubatuba foi palco de encontros entre mundos que nunca se entenderam.
Na praia de Iperoig, hoje com bares à beira-mar e guarda-sóis, foi assinada em 1563 a Primeira Paz formal entre portugueses e indígenas no Brasil. Ali, os jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega negociaram com os Tupinambás, que dominavam a região. Essa "paz" viria a ser quebrada depois, claro — como quase todos os tratados com povos originários —, mas marcou o início da ocupação colonial com traços diplomáticos (ou quase isso).
Mas não é só isso: em 1710, durante as tentativas de invasão francesa ao Rio de Janeiro, o corsário Duclerc teve parte de sua frota desviada por ventos e destruída em tempestades. Há registros de que navios naufragaram próximos à costa de Ubatuba, afundando tesouros, armamentos e segredos que o mar nunca mais devolveu.
Hoje, a travessia de jet entre a Ilha Anchieta, Couves e Prumirim parece um passeio de revista. Mas quando você navega por ali, está cruzando os mesmos caminhos que guerreiros indígenas, padres missionários, corsários e piratas já percorreram — por razões bem diferentes.
🐋 III. Ilhabela – A Ilha das Baleias, dos Naufrágios e dos Senhores do Mar.
Com mais de 20 naufrágios mapeados, Ilhabela talvez seja o lugar onde o mar mais insiste em contar histórias.
De escunas mercantes do século XIX a navios de guerra do início do século XX, os destroços estão espalhados ao redor da ilha como esqueletos de ferro. Um dos mais famosos, o Navio Príncipe de Astúrias, afundou em 1916 com mais de 500 pessoas a bordo — e até hoje atrai mergulhadores em busca de vestígios de um dos maiores desastres marítimos da história do Brasil.
Mas Ilhabela também guarda outras memórias. A Vila ainda preserva construções coloniais, e por trás da beleza das praias isoladas, como Castelhanos e Bonete, escondem-se rotas históricas de contrabando, refúgios de escravizados foragidos e esconderijos de piratas.
E há também a magia viva da natureza: no inverno, baleias jubarte cruzam o canal, surgindo do nada como fantasmas gentis de um mar ainda selvagem. É impossível vê-las sem sentir que o tempo ali corre diferente.
⛰️ IV. Montão de Trigo – A Ilha Esquecida do Tempo.
Quando avistamos o contorno triangular da Ilha do Montão de Trigo ao longe, não imaginamos que estamos diante de um dos lugares mais enigmáticos do litoral brasileiro.
Localizada entre Bertioga e São Sebastião, essa ilha abriga uma comunidade tradicional caiçara com menos de 20 famílias, que vivem sem energia elétrica convencional, sinal de celular ou presença do Estado. Ali, o tempo não corre — ele se dissolve.

Os moradores são descendentes diretos de indígenas Tupiniquins e portugueses náufragos, e mantêm uma vida baseada na pesca artesanal, na roça e na oralidade. A língua falada por lá é um dialeto português arcaico, com palavras herdadas do tupi — um verdadeiro laboratório vivo de brasilidade profunda.
Mas a ilha não é só poesia. Durante séculos, foi temida pelos navegadores por causa de seus costões perigosos e correntes traiçoeiras. Dizem que navios evitavam a região por medo de encalhar ou de serem surpreendidos por nevoeiros súbitos. Outros afirmam que ali se esconderam contrabandistas e desertores do império.
Hoje, o acesso é difícil. Só chega quem tem embarcação própria — e respeito por quem mora ali. O Montão não é um ponto turístico: é um ponto de memória. E pra quem navega até lá, não se volta igual.
Bertioga, Ubatuba, Ilhabela e Montão de Trigo.Quatro nomes que, na superfície, soam como destinos de verão. Mas sob essas águas há muito mais do que lazer.Há camadas de história, resistência, tragédia e beleza.
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